28 de novembro de 2013

Curvilínea

Nada que me sai dessa caneta azul é meu
as curvilinhas
                    que invadem esse papel
não me são próprias

o que hoje sou-estou
não é o que me apetece
mas esse tanto
                       castelo-de-areia onde os grãos são pessoas
com um pouco que penso ter escolha
                                                      minha-eu

nesta tinta que marca um pouco do que vi(vi)
estão diluídas multidões que cruzaram o meu estar aqui
alguns, rostos nítidos
                               outros, silhuetas fuscas
presentes todos nos traços
que minha mão sozinha pinta

2 de novembro de 2013

De pranto

Espera outra hora
outro dia
outra alvorada

adia o que não se pode
desperdiça mais uma noite
com todas suas lufadas

deixa a vida para outro quando
outro ano
outro nunca

o momento deveria ser outro
ignora o agora

te enterra de pronto