(regado por levezas de Larissa, Isaac e outros passarinhos)
Chorar (v. t. d.)
Estar cachoeira;
Coração (s. m.)
Cofre que armazena carinhos
vitalícios;
Dinheiro (s. m.)
Coisa feita para (des)gastar
a humanidade;
Unidade intercambiável que
quando em movimento
empobrece preciosidades;
Ilha (s. f.)
Pessoa continente
propensa a reclusão;
Aquele que rejeita a grandeza
do (re)mar;
Solidão consolidada num só;
Liberdade (s. f.) – I
Algo que não se tem
lago que só se sente;
Insistência em voar
sem asas;
Inadequação de gente
às grades e lajes
[como o dinheiro];
Modo de ser pleno
sem caber em planos;
Voar com capricho e sem interesse de ostentar
as plumas;
Raiar sem temer
as noites;
Liberdade (s. f.) – II
Devaneio inventado por passarinhos;
Desobjeto que amedronta cárceres
e inspira lagartas;
Motivo e consequência de todo ser
que se deseja passarinho;
Lua (s. f.)
Aquilo que proíbe
a plena escuridão da noite;
Ser astral excepcional
que ora sorri, ora está cheia
e ora se entristece por ser solidão;
Música (s. f.)
Poesia escrita a sons;
Dissonância rearranjada
por coração desatinado;
Batimentos cardíacos arranjados;
Ruído recorrente em grilos, riachos, sabiás
que, por vezes, transborda em bípedes;
Passarinho (s. m.)
Pessoa com inclinação para o azul;
Espécie tão mais necessária
quanto mais rareada;
Ser vivo com aptidão para poesia
e que se ornamenta em alturas;
Lar de horizontes;
Aquilo que engradece árvores;
Entidade anômala pela qual
se luta, se mata, se morre
e se nasce;
Indivíduo que, em livros de história,
escreve raios-de-sol;
Saudade (s. f.)
Encantamento que aproxima o longínquo;
Espasmo cerebral decorrente
de afagos à alma;
Quando se é Outono
sem cair folhas e flores;
Agasalho tecido por fios de doces memórias;
Solidão (s. f.)
Estar povoado pelo abandono;
Ter um deserto
dentro do peito;
Sorriso (s. m.)
Contração muscular mímica;
Orifício facial intermitente
derivado de carinho perene;
Néctar que alimenta passarinhos;
Vitamina recomendada contra a tristeza
e outras feridas;
Quando a alegria não cabe no corpo
e transborda pela boca;
Tempo (s. m.)
Aquilo que gira ponteiros;
Pandemia que enferruja seres inanimados
e (des)animados;
Mal que erradica bens
bem que extirpa males;
Verme (s. m.)
Trapo rastejante que as pessoas creem exaltar
quando praticam caridades;
Pessoa que é conhecida por ser nada
mas que se culpa por tudo;
Viver (v. i. e transitório)
Estar passarinho;
Beber goles de céu;
Decurso temporal
esporádico ou inexistente
no estar das pessoas
obs.: seu antônimo não é morrer, mas desviver;
Bonito, Marquinhos, muito bonito!
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