(amparado em consultas ao material onírico de Barros e Naranjo)
Pessoa que, em dias difíceis de ver o sol,
pinta o céu de azul clarinho;
Condição enferma não abundante e desmedida
que arruína as pessoas
e as torna eternas;
Pintor capaz de lapidar sentimentos
mais coloridos que arco-íris
em corações-de-pedra;
Capitalismo (s. m.)
Ecossistema onde os seres humanos
são menores que a Bolsa
e do que seus próprios bolsos;
Momento da humanidade em que as coisas caminham
se abraçam e respiram
e as pessoas nem;
Forma de reduzir mulheres e homens a utilidades
vide homem-bomba, mulher-de-negócios
homem-chave, primeira-dama etc.;
Solidariedade (s. f.)
Sentimento que engradece pessoas pequenas
e as torna não-maiores
nem menores do que as outras;
Mania de abordar gente como passarinho,
e achar que as pessoas ficam mais magníficas
quando de asas abertas;
Amor (s. m.)
Demência que acomete venturosos
faz primavera no asfalto
e neblina o fim da estrada;
Desastre natural que faz o ser humano
sentir-se parte do jardim do mundo;
Socialismo (s. m.)
Maneira desvariada do ser humano se tornar gente;
Semente de complicado germinar
que se agua com o suor de mulheres e homens
e já produz alegrias e frutos outros
antes de seu total desabrochar;
Sonho (s. m.)
Objeto abstrato que, assim como o horizonte,
quando se tenta tocá-lo
põe-se em perigo a (des)ordem das coisas;
Teimosia que faz as pessoas pensarem
que podem caminhar sobre as nuvens;
Abraço (s. m.)
Medicamento recomendado contra a melancolia
e os sintomas que dessa decorrem;
Item do gestuário humano
que mais aproxima, cordialmente, as pessoas;
Procedimento utilizado para deixar marcas na roupa
e no espírito alheio;
Como consegue ser tão certeiro, hem?!!!
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