8 de março de 2016

Ninguém nasce flor

Receio
de me tornar aquilo que combato
Justificando falhas
em confortável distância dos fatos
A cada passo no raso
rio do desejo
Me revelo frágil
inapto

O que fazer quando a sede não cabe no copo?
Alimentar a chaga das que choram
Exercer domínio em nome da liberdade
aplaudir de pé tamanha debilidade

Se viver
significar insensível ser
Reificar
nosso querer esmagando corpos
Que respiram
por corações repletos de calos
Felicidade
é contradição sem os dois lados

Receio
mais uma noite em claro
Realçando diferenças
ela, prisão; eu, falo
Com toda frieza
esconderijo árduo
Indiferente, planejo
outro ato

O que fazer quando o rio não cabe no copo?
Afogar suspiros que imploram
Vivenciar prazer apesar da crueldade
aplaudir de pé como se fosse caridade

Se viver
é contradição sem os dois lados
Reificar
por corações repletos de calos
Que respiram
nosso querer esmagando corpos
Felicidade
significar insensível ser

9 de janeiro de 2016

rua nova, rua crescente

as casas viraram escuridão

sem luzes, aparelhos e virtuais distrações
a energia se dissipava dos postes
e desabava nas crianças

elas (es)corriam às ruas
diversão quase cega, cavernosa
a cada passo dado contra o escuro
o esconde-esconde ficava fácil-fácil

os olhos traçavam as formas,
a imaginação se ocupava do resto
não havia minutos melhores pra se mirar os céus

quem saia de casa estrelava